Em vida

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NO FINAL TUDO DÁ CERTO

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

32 SOLUÇÕES PARA SEUS PROBLEMAS COM DINHEIRO

Planejamento e disciplina são as palavras certas para você ter sucesso na vida financeira



Os bancos estão facilitando os financiamentos e a bolsa de valores deve continuar em alta nos próximos meses. É um ótimo momento para aumentar seu patrimônio, desde que você esteja com as fi nanças em dia. Essa é a conclusão de um levantamento feito pela VOCÊ S/A com a ajuda de especialistas em fi nanças pessoais. No ano passado, 828 leitores relataram quais eram suas difi culdades para administrar seu dinheiro. Dessa amostra, 57% das pessoas tinham entre 25 e 35 anos, 69% são homens e 47% ocupavam posições entre superintendente e analista nas empresas em que trabalham (veja quadro na página ao lado).

O levantamento mostrou que as pessoas estão insatisfeitas com seu padrão de consumo, não poupam regularmente, têm uma parcela do salário corroída pelos juros do cartão de crédito e do cheque especial e não se preparam para a aposentadoria. Compartilhamos os dados com consultores que propuseram 32 soluções para evitar ou resolver cada um dos problemas. Há também a história de cinco pessoas que administram bem seu dinheiro e podem servir de inspiração para você organizar sua grana e mudar de vida.



O ENGENHEIRO QUE JUNTOU 2 MILHÕES DE REAIS ANTES DOS 40 
Dos 828 leitores que expuseram sua situação fi nanceira à VOCÊ S/A, apenas 20% planejam a aposentadoria. O restante não tem a menor ideia de como nem de quando irá se aposentar. Pensar na aposentadoria é cada vez mais necessário já que as pessoas estão vivendo mais e com melhor qualidade de vida. Um bom exemplo de planejamento é o caso do mineiro Rodrigo Perfeito Marques de Castro, de 39 anos, que se preparou bastante para conseguir seu primeiro milhão (veja quadro na página ao lado) e para se aposentar com muito dinheiro no bolso.

Ele fez exatamente o que os especialistas fi nanceiros recomendam: começou a poupar cedo e manteve um perfi l arrojado nos primeiros anos e depois passou a ser mais conservador. Rodrigo gosta de investir em ações chamadas blue chips, que são papéis de empresas considerados fáceis de comprar e vender, como Petrobras, Vale, Gerdau, Cemig e Itausa. Com essa estratégia, ele conseguiu fazer uma escolha certeira nos seus investimentos. “Essa opção é ideal para quem quer conquistar independência fi nanceira”, diz Gustavo Cerbasi, especialista em fi nanças pessoais e sócio da Cerbasi & Associados Planejamento Financeiro, em São Paulo. 
Rodrigo também foi disciplinado na manutenção de todos os seus investimentos. Se você também quer se aposentar com 1 milhão mas não tem disciplina para poupar, um boa opção são os planos de previdência complementar, oferecidos por empresas. Rodrigo fez um plano corporativo na Andrade Gutierrez e já acumula 400 000 reais. Para cada real que ele deposita, a companhia deposita o mesmo valor.

Esses planos de previdência costumam ter taxas de administração e de carregamento menores do que as dos planos que estão no mercado. Mas, se sua empresa não tem um plano desses, você pode contratar um Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) ou Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL), que são vendidos pelos bancos e pelas seguradoras.

Ao escolher seu plano de previdência, você precisa prestar atenção a duas coisas: o PGBL é indicado para quem faz a declaração do Imposto de Renda (IR) pelo formulário completo. Ele permite o desconto de até 12% das suas contribuições no IR. Outro detalhe importante é olhar as taxas de administração. Elas devem ser inferiores a 2%. Se você quiser fugir dos planos de previdência e optar por outro tipo de investimento, precisa ter dedicação às suas aplicações.

Rodrigo gastava entre uma e duas horas por dia analisando planilhas, lendo jornais e relatórios de mercado sobre as empresas nas quais desejava investir. “Hoje não especulo mais, mas antigamente trabalhava com Opção [papel que garante ao investidor o direito de comprar ou vender alguma coisa no futuro a preço fi xo]”, diz ele.



VEJA OUTRAS DICAS DO CONSULTOR GUSTAVO CERBASI PARA SE APOSENTAR COM 1 MILHÃO DE REAIS OU MAIS. 


1 Faça uma carteira de ações com papéis que são considerados blue chips. 


2 Jovens podem ser mais agressivos nos investimentos fi nanceiros. Você pode escolher fundos de investimento que aplicam em ações ou optar pelos planos de previdência privada que investem em renda variável. Para saber quanto investir para a sua aposentadoria, siga uma regra simples: calcule o prazo que você quer se aposentar e acrescente 10. Esse vai ser o percentual de ações nas quais você pode colocar seu dinheiro. Se você pensa em se aposentar daqui a 30 anos, tenha um plano com 40% do seu dinheiro investido em ações.


3 Com o passar dos anos, diminua sua exposição ao risco e reduza as aplicações em ações. Direcione a maior parte de sua grana para a renda fixa.


Começo arrojado
O engenheiro mineiro Rodrigo Perfeito Marques de Castro, de 39 anos, se programou e estudou bastante para ter uma aposentadoria confortável. Gerente de produção de carreira da construtora Andrade Gutierrez, ele é o que os especialistas chamam de investidor ideal: começou a investir cedo, aos 24 anos, de forma arrojada e foi diminuindo sua exposição ao risco aos poucos, com a diversificação dos investimentos. Hoje, ele tem 1,3 milhão de reais, ou 1,9 milhão de reais se for somado o seu imóvel, avaliado em 600 000 reais, que ele está terminando de pagar.

Rodrigo mantém 40% de seu dinheiro em ações, o equivalente a 500 000 reais. Quando começou a investir na bolsa, em 1999, ele decidiu fazer um MBA em finanças na Universidade de São Paulo, para saber exatamente quais ações comprar e a melhor hora de vender. “Com os ganhos da bolsa comprei alguns imóveis em São Paulo.” Ele pagou 55 000 reais por uma casa, alugou e vai vendê-la por 85 000 reais. Depois comprou um imóvel por 70 000 reais que agora vale 270 000 reais. Outra aquisição foi um táxi, por 80 000 reais, que ele aluga por 900 reais por mês. Com o aluguel do carro, Rodrigo consegue rentabilidade de 1,1% ao mês, melhor do que a poupança, que rende apenas 0,5%. Os custos de manutenção do carro ficam com o locatário.

4 Outra opção de investimentos é uma carteira com títulos públicos, ações de primeira linha e fundos de índices (ETFS). 


5 Os títulos públicos são uma boa alternativa de investimento para períodos que variam entre um e cinco anos.

GANHE 100% EM QUATRO ANOS
Apenas 17% dos 828 leitores que enviaram suas dúvidas para a revista disseram investir pelo menos 10% do seu salário todos os meses. E 60% deles não conseguiam investir absolutamente nada. É claro que há exceções e você pode aprender com elas. É o caso da dentista Ana Paula Franchi Messina, de 36 anos, que começou a poupar há 13 e hoje possuiu imóveis e 58 500 reais distribuídos entre poupança, Certifi cado de Depósito Bancário e planos de previdência complementar. “Sempre gostei de poupar”, diz Ana Paula (veja quadro acima). Poupar não é difícil, basta fazer um bom planejamento financeiro.

Guardar dinheiro para fazer uma viagem internacional, por exemplo, requer uma aplicação financeira de curto prazo, que pode ser a caderneta de poupança. Mas juntar dinheiro para a troca de um carro pode demorar mais tempo e requer uma aplicação como os fundos de investimento. A poupança para a compra de uma casa pode ser feita com ações, já que é um investimento de longo prazo. Saiba que para cada idade e objetivo na vida há uma aplicação financeira adequada, segundo Carla dos Santos, sócia da CDB Consultoria Financeira, em São Paulo.

SIGA OUTRAS DICAS DA CONSULTORA PARA ACERTAR NOS SEUS INVESTIMENTOS: 


6 Conheça qual é o seu perfi l de investidor e opte por aplicações adequadas a ele. 


7 No caso de investimentos de longo prazo, o ideal é uma carteira de ações agressiva. Se você precisa do dinheiro no curto prazo, prefira os investimentos conservadores. 


8 Se for investir em Certifi cado de Depósito Bancário (CDB), saiba que a rentabilidade do título pode ser pré-fi xada (defi nida na hora da compra), ou pós-fi xada (defi nida no vencimento do título). A vantagem é que o CDB tem liquidez diária, o IR é cobrado no saque do dinheiro e só existe Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) se o resgate da grana for feito antes de 30 dias. 


9 Para diversifi car sua carteira, opte pelos fundos de investimento. Para escolher um fundo, você deve observar risco, taxa de administração, taxa de performance, valor mínimo da aplicação, prazo de resgate, composição da carteira e rentabilidades passadas. O IR é cobrado duas vezes por ano. Mas atenção: rentabilidade passada não é garantia de ganhos futuros. 


10 No ano passado, a caderneta de poupança foi a melhor aplicação fi nanceira entre os produtos conservadores. A poupança rende Taxa Referencial (TR) mais 6% ao ano. Se compararmos a rentabilidade da poupança com os fundos de investimentos conservadores que buscavam 100% do CDI, com objetivo de obter 8,75% ao ano de rentabilidade, e subtrairmos a taxa de administração e o IR, veremos que a poupança, devido à isenção de IR, rendeu mais. Mas não se anime muito. O governo estuda formas de tributar a caderneta de poupança, além de limitar o valor da aplicação. Antes de investir analise as chances de alta da taxa básica de juros, que está em 8,75% ao ano e serve de referência para os fundos conservadores. Os analistas fi nanceiros consideram uma alta dos juros neste ano. Se eles estiverem certos, os fundos podem voltar a render mais do que a poupança. 

Devagar e sempre
A dentista Ana Paula Franchi Messina, de 36 anos, começou a poupar em 1997, quando ainda era estagiária. Ela depositava 160 reais na poupança todos os meses. Quando sua carreira começou a se consolidar, ela passou a engordar seus aportes e diversificou seu capital. Em 2006, animada com o boom imobiliário, ela comprou um imóvel comercial em São Bernardo do Campo, na grande São Paulo, por 70 000 reais. Hoje, vale 140 000 reais e está alugado por 800 reais.

Animada com esse resultado, Ana Paula e seu marido, Archimedes Messina Junior, de 44 anos, reservam mensalmente 10% de sua renda para comprar novos imóveis e já têm 16 000 reais em um fundo DI. Eles estão no caminho certo. “O aluguel do imóvel representa uma rentabilidade de 1,14% ao mês, um ótimo negócio. A valorização do imóvel foi excelente”, diz Carla dos Santos, sócia da CDS Consultoria, especializada em planejamento financeiro, de São Paulo. Agora, Ana Paula quer investir em ações e já começou a fazer um curso na bolsa de valores. “Eu e meu marido queremos conhecer os mecanismos e as possibilidades do mercado financeiro. Este é um bom momento para arriscarmos um pouco mais”, diz.

Mudança radical 
A médica reumatologista e acupunturista Naila Tricia do Espírito Santo, de 34 anos, se orgulhava do pai, que era engenheiro civil e trabalhador contumaz. Ela decidiu seguir seus passos e chegou a trabalhar 15 horas por dia em até quatro empregos. Atendia em prontossocorros e clínicas nos fins de semana e quase não tirava folgas. Todo esse esforço rendia 10 000 reais mensais, que eram gastos em roupas de grife, academia, celular sofisticado e nenhum controle sobre a conta. Apesar de gastar muito, Naila não tinha dívidas. Em 2003, quando o pai faleceu, ela começou a repensar a vida.

Em 2005, resolveu mudar tudo. Hoje, Naila não trabalha mais do que oito horas por dia, tem os fins de semana livres e consegue fazer, com a metade do antigo salário, duas grandes viagens por ano, sendo uma internacional. Naila acabou de voltar da Europa, onde ficou dois meses na França, na Inglaterra e no Leste Europeu. Para conseguir fazer muito com um salário menor, ela se reprogramou. “Mudei rotina e gastos. Virei professora universitária, assim consigo três meses de férias por ano. Trabalho, paralelamente, em uma clínica particular e viajo o mundo de mochila”, diz.

COMPRE O QUE QUISER COM SEU SALÁRIO 
Dos leitores que encaminharam suas dúvidas fi nanceiras para a revista, 79% afi rmaram que não estão satisfeitos com o atual padrão de vida. O segredo para a satisfação pode ser aprender a viver com menos dinheiro, suprimindo necessidades e remanejando gastos, mas sem abrir mão de comprar o que você gosta. A médica reumatologista e acupunturista Naila Tricia do Espírito Santo, de 34 anos, fez essa opção há exatos cinco anos. “E não me arrependo.

Hoje recebo metade do que ganhava, mas consigo ter mais qualidade de vida e já consegui realizar um sonho antigo: viajar regularmente pelo Brasil e pelo mundo”, diz Naila, que já visitou 25 países desde que decidiu mudar de vida (veja quadro ao lado). Na opinião de Erasmo Vieira, especialista em análise fi nanceira e escritor, Naila tem uma história única de quem consegue repensar a vida, com menos dinheiro no bolso, e traçar objetivos fi nanceiros. Ficou animado? Saiba que não é tão difícil conseguir realizar tudo o que você quiser com o seu salário.

Basta fazer um bom planejamento fi nanceiro e segui-lo à risca. Veja alguns exemplos de Naila. Para economizar na aquisição de passagens aéreas, ela faz todas as suas compras com seu cartão de crédito.

As compras viram pontos que depois se transformam em milhas que podem ser trocadas por passagens aéreas. Quando quer comprar alguma coisa, a médica faz o que muita gente deveria fazer, mas não consegue. Pesquisa o preço exaustivamente e pechincha até conseguir um valor mais baixo. Com essa determinação, Naila renegociou a conta de celular. “Pedi bônus porque era cliente antiga e não gasto mais do que 60 reais por mês”, diz ela.

Naila também fez mudanças importantes nos seus hábitos. Agora, espera pelas liquidações para comprar, trocou antigos restaurantes por outros mais baratos, mas com a mesma qualidade, passou a fi car mais tempo com a família, vai à casa de amigos e gasta menos. Até de academia ela mudou. Antes, gastava 300 reais por mês e agora paga 80 reais por outra similar.

“Ela traçou objetivos e tem conseguido realizá-los sem endividamento. Abriu mão de hotéis caros para realmente viajar e conhecer outras culturas, fazendo a opção por mochila, albergues e acomodações sem luxo”, diz Erasmo Vieira. Mesmo com o cinto apertado, a médica consegue manter a regularidade nos depósitos fi nanceiros. Ela distribui sua renda desde 2005 da seguinte forma: 20% em um VGBL que investe só renda fi xa, 50% entre CDB e poupança, e 30% em ações.

ESPECIALISTAS FINANCEIROS DÃO OUTRAS DICAS PARA VOCÊ FAZER UM PLANE JAMENTO CERTEIRO E APROVEITAR O SEU SALÁRIO AO MÁXIMO: 


11 Antes de mais nada defi na quais são os seus sonhos: feche os olhos e pense o que você quer comprar daqui a um mês, um ano, dez anos ou ainda 30 anos. Escreva tudo num papel e reveja seus sonhos sempre. 


12 Priorize o pagamento das dívidas ou dos juros. Muitas vezes, é preciso abrir mão de alguns gastos extras agora para realizar todos os seus objetivos no futuro. 


13 Comece a poupar regularmente (e não desista). 


14 Muito cuidado! Compras fi nanciadas corroem o salário do mês e pode faltar dinheiro para gastos básicos, como alimentação, saúde, transporte, pagamento de contas de água, luz e telefone. 


15 Pague as pequenas compras sempre à vista.


Miniaposentadorias
O paulistano Vlademir Bin, de 33 anos, tem o hábito de poupar desde cedo. Com 16 anos já guardava 50% do salário. Ele trabalhava na empresa do pai, uma distribuidora de produtos de limpeza e higiene. Na época, recebia o equivalente a meio salário mínimo e, como não ajudava nas despesas de casa, podia economizar a metade do que ganhava. Aos 17 anos não recebia mais ajuda financeira dos pais e viver apenas com metade da renda tornou-se uma regra. Além de viver sempre com metade da renda, Vlademir nunca comprou um carro com valor quatro ou cinco vezes maior do que sua renda.

Ele faz uma conta simples: se alguém que tem uma renda mensal de 1 000 reais comprar um carro de 30 000, mesmo que seja financiado, vai ter de doar 30 meses de sua vida e do seu salário exclusivamente para pagar o carro. Ele acha um desperdício de tempo e de dinheiro. Vlademir só pretende resgatar a grana das ações quando completar 50 anos. “Não quero ganhar milhões por mês, mas tento organizar minha vida para que eu possa viajar sempre”, diz. Ele prefere não investir em fundos de previdência privada porque acha que a rentabilidade do investimento é baixa. “Acredito que é assumir que não sabemos tomar conta de nosso dinheiro e para isso o damos a um banco, que cobra mais da metade dos rendimentos.”

FICAR UM ANO SEM TRABALHAR 
Poucas pessoas estão preparadas para a demissão. Dos 828 leitores que encaminharam suas queixas fi nanceiras à revista, 42% disseram que se perdessem o emprego hoje não conseguiriam se manter nem por um mês. Mais importante do que fi car sem trabalhar é poder sobreviver caso haja a perda inesperada do emprego. Apenas 12% disseram conseguir fi car até um ano sem trabalhar. Esse é o sonho de muita gente.

E é a realidade do paulistano Vlademir Bin, de 33 anos, que se prepara desde que começou sua vida profi ssional para ter miniaposentadorias. “Penso que se eu trabalhar dez anos também posso fi car dez anos sem trabalhar”, diz. A determinação de Vlademir começou logo que ele recebeu o primeiro salário, aos 16 anos (veja quadro acima). Ele decidiu poupar a metade e manteve o projeto pelo resto da vida: viver sempre com 50% do salário. Entre 1997 e 1999, ele fazia projetos de computação e tinha uma renda de 9 000 reais e colocava a metade na poupança.

As aplicações em bolsa só começaram em 2003 e nos fundos DI, em 2004, ano em que ele montou uma empresa de comércio eletrônico, que não deu lucro nenhum. Vlademir só recuperou os 100 000 reais investidos com a venda da companhia, em 2005. De 2005 a 2007, ele trabalhou numa empresa mexicana e teve renda mensal de 18 000 reais.


Com mais disponibilidade fi - nanceira, Vlademir passou a investir 35% em bolsa, fundo DI e poupança. O restante, 15%, era alocado em outra poupança, para bancar despesas com emergências. Em 2007, ele deixou o cargo de diretor de tecnologia da informação e operações na empresa mexicana para acompanhar a esposa em uma viagem de trabalho para a Alemanha. Vlademir tinha 200 000 reais na poupança. “O planejamento fi nanceiro foi importante para eu abraçar a oportunidade no momento em que ela apareceu”, diz. Na Europa ele e a mulher dividiram todas as despesas com viagens, aluguel da casa e do carro, alimentação e cursos. Os gastos com passeios eram os mais pesados. Os dois viajaram 20 000 quilômetros de carro durante 130 dias e se hospedaram em mais de 43 hotéis de baixo custo.

Por mês gastaram cerca de 1 500 euros com viagens. Quando voltou ao Brasil ele fez as contas e viu que gastou cerca de 50 000 reais sozinho. Vlademir, que é formado em ciência da computação e tem MBA em gestão empresarial, foi para a Alemanha com o objetivo de curtir a viagem e não trabalhar. Em julho de 2009, ele voltou ao Brasil e montou um escritório para colocar no mercado nacional o produto de duas empresas alemãs. Com uma boa formação profi ssional e uma extensa rede de contatos, Vlademir também recebeu uma proposta para assumir o cargo de diretor executivo numa empresa americana com um salário mensal de 20 000 reais. Ele aceitou, mas depois de seis meses pediu demissão e decidiu cuidar só do seu escritório.

“Quero me organizar para ter pessoas trabalhando para mim, assim terei mais tempo livre”, diz. Enquanto a empresa não garante a ele um bom salário, Vlademir usufrui do dinheiro da poupança para pagar seus gastos mensais, que somam, em média, 5 000 reais. O paulistano tem dinheiro para continuar dez anos sem trabalhar. Claro, se os seus gastos mensais permanecerem os mesmos. Hoje, seu patrimônio está dividido entre 50% em imóveis, 45% em bolsa e poupança e 5% em automóveis. Antes de pensar em fi - car um período sem trabalhar é preciso identifi car qual é seu momento de vida.

Quem tem fi lhos, por exemplo, precisa analisar se a grana poupada vai ser sufi ciente para bancar os gastos de toda a família, que geralmente crescem ao longo do ano com escola, faculdade e cursos de idioma. Além disso, a idade é um fator determinante para quem quer se ausentar por um tempo no mercado de trabalho. “Até os 40 anos é mais fácil se recolocar no mercado de trabalho, depois vai fi cando mais difícil. De qualquer forma, o profi ssional deve enriquecer suas habilidades enquanto está fora, como aprender outra língua ou desenvolver uma técnica nova”, diz Lauro Araújo, diretor da consultoria de investimentos da Mercer, de São Paulo.

Se você está pensando em sair do seu emprego para fazer uma viagem, por exemplo, saiba que o tempo de recolocação para cargos técnicos e gerenciais é de seis a 12 meses. Então, faça uma poupança que seja sufi ciente para cobrir suas despesas nesse período. Se já tem certeza que vai deixar o mercado de trabalho para apostar numa nova empreitada, é preciso considerar dois tipos de aplicação fi - nanceira. “Se a decisão estiver muito próxima, o dinheiro deve ir para a renda fi xa, mas se for para um período mais longo, mais de dois anos, o investimento em bolsa é um bom negócio”, diz João Pedro Ribeiro, economista da Tendências Consultoria, de São Paulo.

VEJA OUTRAS DICAS DE ESPECIALISTAS FINANCEIROS PARA QUEM QUER SE PLANEJAR PARA FICAR UM ANO  OU MAIS  SEM TRABALHAR: 


16 Não coloque todo o dinheiro na poupança. “Esta é uma aplicação para usar num prazo muito curto. Quando já se sabe que o investimento será destinado para gastos que você pode gerenciar, como, por exemplo, uma viagem ou um carro, a aplicação pode ser mais arrojada”, diz Lauro Araújo, diretor da consultoria de investimentos da Mercer, de São Paulo. 


17 Invista em Certifi cados de Depósito Bancário (CDBs) e no Tesouro Direto. “Quanto mais novo o investidor é, mais chances ele tem de arriscar seu patrimônio e ganhar muito dinheiro”, diz Lauro.


18 O ideal é chegar aos 50 anos com apenas 20% das aplicações em bolsa. 


19 Com uma boa disponibilidade para investimentos, é possível conseguir um plano de previdência com taxa de carregamento zero e uma taxa de administração igual ou menor à dos fundos de investimentos. A sugestão é procurar o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) que misture renda fi xa e variável
Fora das dívidas

O pernambucano Ricardo Diniz de Souza Leite, de 31 anos, tem pouca idade, mas uma extensa formação acadêmica. Graduou-se em psicologia na Universidade Católica Federal, fez pós-graduação em gestão empresarial na Fundação Getulio Vargas (FGV) e outra em gestão de pessoas, também na FGV. Foi justamente na época de formação superior, entre 2000 e 2008, que ele caiu no poço das dívidas. Ricardo começou a trabalhar como trainee na Fly Logística, na área de recursos humanos, e ganhava 300 reais por mês.

Na empresa, ele foi subindo de cargo até atingir a gerência da área e receber 2 500 reais mensais. O problema é que, na mesma época, Ricardo devia 4 000 reais. “Usei todas as formas de endividamento disponíveis: cartão de crédito (pagando juros rotativos), cheque especial, crédito estudantil e financiamento de carro. Não tinha ideia de como sairia dessa encrenca”, diz. O ano de 2008 foi decisivo para ele.

Trocou de emprego e de renda. Foi contratado pelo Colégio Grupo Gênese de Ensino como gestor responsável por uma das unidades. Sua rendeu subiu para 3 500 reais e foi daí que o executivo viu as dívidas com outro olhar: ele queria não só saná-las, mas transformá-las em investimentos. “Ele mudou o que tinha de ser mudado para seguir o caminho para enriquecer”, diz Augusto Sabóia, sócio da Sabóia Advisors e especialista em planejamento financeiro.

ACABE COM SUAS DÍVIDAS 
Quando se entra em um círculo vicioso de dívidas é difícil imaginar que é possível sair dele. Ainda mais se há juros rotativos do cartão de crédito, cheque especial e parcelas atrasadas de crédito estudantil e fi nanciamento do carro. Adicione-se a tudo isso um temperinho: todas as dívidas estão 60% acima dos ganhos mensais. Foi esse o quadro que Ricardo Diniz de Souza Leite, de 31 anos, pernambucano de Recife, teve de encarar há dois anos (veja quadro acima). A história de Ricardo é exemplar e refl ete a situação de muitos brasileiros. Dos 828 leitores que abriram sua fi nanças para a VOCÊ S/A, 79% estavam endividados e, desses, 28% consideravam que já tinham perdido o controle sobre a vida fi nanceira. Ricardo deu a volta por cima com disciplina e determinação.

Ele conseguiu liquidar 4 000 reais em dívidas e acumular 25 000 reais em investimentos. A mudança de padrão fi nanceiro aconteceu quando Ricardo leu uma reportagem que mostrava que era possível acumular 1 milhão de reais com um rigoroso planejamento fi - nanceiro. Motivado, ele participou de uma feira de fi nanças pessoais em Recife, a ExpoMoney, e assistiu a várias palestras para ver se o caso dele tinha solução. “Vi que era possível acabar com minhas dívidas”, diz. A primeira coisa que o pernambucano fez foi identifi car quais eram seus principais gastos e quais poderiam ser eliminados.

Depois ele fez uma planilha, na qual colocava tudo o que ganhava e tudo o que gastava. Fazendo uma análise, percebeu que os maiores rombos eram as despesas com entretenimento, vestuário de luxo e eletrônicos de última geração. Ele não teve dúvidas, reduziu todos seus custos pela metade e ainda renegociou as dívidas mais amargas: o crédito estudantil foi a pior delas, mas conseguiu abater 55% do valor devido. “Aprendi que, além do controle das contas e reorganização fi nanceira, é preciso também ter uma meta. Fiz um curso na bolsa de valores e levei o resto do ano reconstruindo minha vida fi nanceira. Consegui”, diz ele.

Logo que conseguiu renegociar as dívidas, Ricardo passou a investir em ações. “Apliquei 200 reais em papéis da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista porque a empresa tinha histórico de pagadora de bons dividendos”, diz. Hoje, tem 25 000 reais em ações e recebe 400 reais em dividendos a cada trimestre. O antigo endividado gasta apenas 40% do seu salário. O restante está livre para seus investimentos pessoais.
ALÉM DO EXEMPLO DE RICARDO, O ESPECIALISTA EM PLANEJAMENTO FINANCEIRO AUGUSTO SABÓIA DÁ OUTRAS DICAS PARA QUEM QUER SAIR DAS DÍVIDAS E FAZER O DINHEIRO RENDER:

20 Se você é jovem, deve trabalhar mais agora para aumentar sua renda. 


21 Faça um levantamento simples e honesto de como acumulou dívidas. 


22 Depois faça um cálculo para saber quanto você precisa pagar. 


23 Defi na qual é o percentual que você terá de economizar todos os meses para pagar todas as suas dívidas. 


24 Procure cada credor para saber em quanto está seu débito e para renegociá- lo. Diga: “Eu quero pagar a dívida e como vocês podem me ajudar?”. 


25 Venda tudo que puder para fazer mais dinheiro. Se desfaça de máquina fotográfi ca, automóvel, tudo que possa gerar mais grana na sua carteira. 


26 Defi na quais serão os primeiros débitos que devem ser pagos. 


27 Informe-se com advogados ou mesmo no Procon da sua cidade sobre quais são seus direitos na hora de pagar juros. 


28 Pague, mas não prometa nenhuma data específica para o pagamento. 


29 Se você tem a possibilidade de fazer um trabalho paralelo (dar aulas particulares de inglês aos sábados, por exemplo) para aumentar sua receita e pagar as dívidas, avalie a possibilidade de encarar a empreitada temporariamente. O sacrifício vale a pena, pode apostar. 


30 Se possível, faça horas extras e pague na metade do tempo e com descontos. 


31 Faça uma lista do que não fazer e ponha na parede para não reincidir. 


32 Aproveite e faça um planejamento financeiro pessoal.


Fonte:

Enviado por amigos.

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