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sábado, 28 de junho de 2014

LEITURA DINÂMICA : MITO OU REALIDADE ?

LEITURA DINÂMICA : MITO OU REALIDADE ?


A capacidade de fazer leituras de forma rápida sempre foi motivo de admiração. Tanto que a ideia de acelerar o processo por meio de técnicas de leitura dinâmica – tornando essa habilidade acessível para cada vez mais pessoas, e talvez ganhar algum dinheiro com isso – existe desde a década de 1950. Mas, se o assunto parecia ter sido deixado de escanteio com o passar dos anos, o lançamento recente de um aplicativo que promete revolucionar a leitura dinâmica jogou a discussão para o meio da pequena área.
E a comparação dos números só deixa o debate ainda mais interessante. Enquanto a maioria de nós tende a ler cerca de 200 a 400 palavras por minuto, as pessoas que fazem a tal da leitura dinâmica dizem ler de 1000 a 1700 palavras no mesmo intervalo de tempo. Espantosa e chocante diferença, não?
Mas, antes de entender do que se trata exatamente a leitura dinâmica, e se ela é mito ou realidade, vamos falar um pouco sobre como funciona a leitura em si. O que sabemos sobre a leitura “tradicional”, digamos assim, é que ela é um processo terrivelmente mecânico que acontece de acordo com algumas etapas.
Primeiro você olha para uma palavra, ou várias palavras. Isso se chama “fixação” e leva cerca de 0,25 segundo. Depois, você move o olho para a próxima palavra, ou grupo de palavras. Essa etapa se chama “sacada” e leva cerca de 0,1 segundo. Depois isso é repetido uma ou duas vezes e você faz uma pausa para compreender o que acabou de ler, o que leva de 0,3 a 0,5 segundo, em média. E é assim que 95% dos estudantes universitários têm uma leitura média de 200 a 400 palavras por minuto.
Os leitores dinâmicos alegam que diminuem o tempo de fixação – que é o tempo que “gastamos” olhando para as palavras. E eles tendem a fazer isso cortando o que é chamado “subvocalização”, o processo de repetir as palavras na cabeça enquanto as lê. Ao longo do tempo, algumas técnicas e métodos foram desenvolvidos com o objetivo de disseminar essa habilidade que beira à fantasia. Vamos a algumas delas:
Os leitores dinâmicos alegam que diminuem o tempo de fixação – que é o tempo que “gastamos” olhando para as palavras. E eles tendem a fazer isso cortando o que é chamado “subvocalização”, o processo de repetir as palavras na cabeça enquanto as lê. Ao longo do tempo, algumas técnicas e métodos foram desenvolvidos com o objetivo de disseminar essa habilidade que beira à fantasia. Vamos a algumas delas:

Apresentação Visual Serial Rápida (AVSR) e o aplicativo Spritz

É o método utilizado pela maioria dos sistemas de leitura dinâmica digital, inclusive pelo recém-lançado Spritz. Para acelerar o processo de leitura, palavras sozinhas piscam na tela, fazendo você se concentrar em uma por vez. Conforme o usuário vai se acostumando com o sistema, pode acelerar cada vez mais a velocidade com que o display mostra as palavras.
A primeira vez que eu ouvi falar nesse aplicativo, achei a ideia absolutamente fantástica. Eu e o mundo inteiro. Mas, depois que passou a euforia, veio o questionamento: será que se eu lesse um livro inteiro assim, eu iria entender alguma coisa? Ou se quer ia saber do que ele se tratava quando terminasse? E, para a minha alegria, existem pesquisas para responder a essas perguntas!

Compreensão

A vantagem de ler mais rápido é, obviamente, ler mais rápido. Mas a leitura em velocidade pode trazer alguns problemas como… O que é mesmo que eu estava lendo? Você acaba se concentrando tanto em ler o mais rápido possível que acaba perdendo o foco sobre o que você está lendo de fato. E, a principal afetada nisso tudo é a grande protagonista do processo de leitura: a compreensão.
Para Keith Rayner, pesquisador da Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), a leitura dinâmica é quase sem sentido, porque nossos olhos apenas não conseguem trabalhar dessa maneira. Segundo ele, podemos até nos forçar a ler algo em torno de 500 palavras por minuto, mas estamos limitados pelos nossos olhos, anatomia da retina e capacidade do cérebro – que precisa de um certo tempo para processar informações.
Rayner também confirma que a AVSR e os sistemas digitais de leitura dinâmica são da mesma maneira falhos por terem problemas com o que se chama “memória de trabalho” – que é a memória que atua no momento em que as informações estão sendo adquiridas, retendo-as por um curto período de tempo e depois descantando ou encaminhando-as para serem guardadas por períodos mais longos de tempo.
Quando utilizamos a técnica AVSR, sobrecarregamos a memória de trabalho e as palavras vem em um ritmo muito mais rápido do que podemos processar. Isso significa que não podemos absorver informações quando estamos lendo muito rápido. No caso dos aplicativos, como o Spritz, que utilizam esse método, não temos nem a opção de voltar algum trecho e ler de novo, o que, mais um vez, sobrecarrega a memória de curto prazo. Resultado: não conseguimos lembrar muito bem do que acabamos de ler.

Os favoráveis

Para os pesquisadores que desenvolveram o Spritz, o sistema permite que os olhos descansem em um único ponto, o que favoreceria a habilidade de ler mais rápido. Isso pode até ser verdade, mas não soluciona o problema da memória de trabalho sobrecaregada, apontado por Rayner.
E você, o que pensa sobre tudo isso? Será que é mesmo possível ler assim? [Life HackerSlate]
Fonte:




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